13 julho 2015

xenofobia




Esta manhã, depois de uma curta incursão no facebook, fiquei com ganas de "agarrem-me, que ainda vou desamigar toda a gente que me aparecer pela frente a fazer um discurso xenófobo sobre os alemães!"

Tenham juízo: aprendam alemão e passem a falar com conhecimento de causa. Não há paciência para esta mistura de preconceito, ignorância, xenofobia e arrogância. Quem fala dos alemães como imperialistas e nazis, tipo "está-lhes na massa do sangue" e "era de esperar - lá estão eles outra vez! duas guerras não lhes chegaram!", não se apercebe de duas coisas: está a reproduzir o pensamento e a retórica dos nazis, mudando simplesmente o nome do inimigo, e está a evidenciar a sua ignorância sobre o que é a sociedade alemã hoje em dia.


(Tirei a fotografia de um fórum do Süddeutsche Zeitung. É pena as pessoas que passam por aqui não entenderem alemão, porque o que "os alemães" lá escrevem é extremamente interessante - tanto pelo conteúdo como pela forma. A que não será alheio o facto de ser um espaço moderado, e com regras claras para participação: só se publicam textos que acrescentem algo ao que já foi dito; não se publicam textos injuriosos para outras pessoas, grupos ou povos; não se publicam textos escritos em mau alemão, etc.)


4 comentários:

António P. disse...

Bom dia Helena (long time no see...:)),
por pontos:
1º - Não falo alemão (e já agora, nem grego).
2º - O facebuqe vale o que vale, antigamente escrevíamos os nossos desabafos nas paredes das casas de banho públicas (pelo menos os homens :)). Possivelmente teríamos mais leitores que alguns no facebuque!
3º - Mas de certeza que também encontra por lá piadas xenófobas sobre gregos (e portugueses). Vai ter que se desamigar de muita gente, o que até pode ser bom.
4º - E se falássemos da política dos governos e dos partidos na oposição?
5º - O que me (nos) diria sobre a política do governo alemão?
Uma boa semana

Júlio de Matos disse...



Claro que "os alemães" não são TODOS os alemães. Todos sabemos isso muito bem.

Só que o Schäuble fala e age em nome dos alemães, não em nome pessoal. E as consequências das suas palavras e dos seus actos comprometem, coletivamente, os alemães.

E isto é tão inquestionável quanto Estaline ter assinado um Tratado com von Ribbentrop, em nome dos Povos soviéticos, ou Salazar ter mantido o Tarrafal e encoberto o assassinato de Humberto Delgado, às mãos dos seus esbirros, tudo em nome dos portugueses.

Pois é, nem todos temos a coragem e a determinação de um von Stauffenberg (e de tantos outros mártires alemães), não é?...

Helena Araújo disse...

Olá António,
no meu facebook não encontro muitas piadas xenófobas sobre gregos e portugueses.
Quanto à política do governo alemão: uma vergonha.

Olá Júlio,
os alemães não são todos os alemães? Agora até me lembraste aquela miúda que no início do Holocausto dizia "os judeus são um perigo, excepto o senhor Rosenthal, que é meu vizinho".
Se dizemos "os alemães" são isto e aquilo, implicamos todos os alemães; se dizemos "os pretos" são isto e aquilo, implicamos todas as pessoas de pele escura. Xenofobia é xenofobia, racismo é racismo, e não há como dourar a pílula.
O Schäuble está a ter um comportamento vergonhoso, mas não é nem nazi nem fascista nem o Hitler.
Mesmo sendo um ministro do governo alemão, e comprometendo portanto a Alemanha, a péssima política que ele está a fazer não justifica que os alemães sejam chamados nazis.

Júlio de Matos disse...



Claro, chamar "nazi" à Merkel (ou, por extensão, aos alemães em geral) não passa de um insulto gratuito, redutor e bastante grosseiro... Nesse caso, mais "nazi" do que o Schäuble seriam o Cavaco, a Maria L. Albuquerque e os outros patetas todos!


Mas tudo isto faz parte do simplismo aniquilador da comunicação social e a única hipótese que temos é simplesmente ignorá-la e continuar a PENSAR.


Embora seja muito difícil, bem sei. Ainda ontem refletia eu em casa sobre isto mesmo. Logo eu, que sempre fui tão fã da Alemanha, da sua Língua e da sua Cultura... Até que ponto poderá este comportamento do Governo alemão atual ter força para me alterar as convicções e gostos pessoais de sempre?


Mas depois reparei, tranquilizando-me, que se fosse mesmo assim, então mais depressa teria que odiar o meu País e desprezar o meu próprio Povo...